6/02/2006

Sobrando tempo, faltando o que fazer...

Filhos criados e cuidando da própria vida. Cada um na sua, casa que antes vivia cheia agora está vazia. Tarefas de trabalho, levar crianças para um lado e outro, compras de mês, reuniões no colégio, cursinho, dever de casa... Ufa! Quando será que isto vai acabar?
Em muitos casos essa fase já terminou.
Só que a tão sonhada liberdade está gerando dificuldades ainda mais sérias, por vezes levando os casais à separação após décadas de convivência.
O enfim sós tão desejado no início da relação é hoje o maior problema que os casais estão enfrentando! Parece loucura, mas estar juntos e ter muito tempo livre se tornou uma tortura capaz de levar as pessoas a romper vínculos antigos.
Ana Cristina Gonçalves, psicóloga, explica que a Síndrome do Ninho Vazio é um problema bastante comum, "acontece principalmente com mulheres que não desenvolveram outro papel, senão o de mãe", explica. É uma fase complicada para as mulheres que passaram vinte e poucos anos de suas vidas dedicando-se exclusivamente aos filhos: quando eles vão embora, elas perdem o chão."
Paralelamente, o problema atinge também os homens.
"O ninho ficou vazio, mas a cama não, o marido continua lá, só que aposentado. A frase “enfim sós” que antes parecia um sonho, agora anuncia turbulências. O casal terá de reaprender a viver junto e redescobrir os prazeres a dois. Contudo, o momento que deveria ser encarado como uma possibilidade de reaproximação, pode se transformar numa verdadeira guerra."
Pois é, em vez de ficarem mais juntos e voltarem ao início da relação com uma atitude de namoro, de investimento um no outro, diálogo, passeios e muita diversão, os casais estão se separando.
Passa-lhes pela cabeça, talvez, idéia de tempo perdido. Quem sabe pensando em "aproveitar" os últimos anos para fazer o que se privou no passado.
Uma saída, sugere a psicóloga, "é (...) desfrutar do mais raro tesouro da modernidade: o tempo livre. Para Ana Cristina, quanto mais interesses a pessoa criou quando jovem, mais facilidade ela terá para ocupar bem o seu tempo na maturidade. “Caso contrário, a saída é criar novos interesses, como: atividades artísticas, físicas, intelectuais, sociais ou culturais”.
Claro que há dificuldades e desafios a enfrentar. Sem ilusões.
Mas é melhor substituir a idéia de ruptura pela de contrução, a de perda pela da conquista.
Com mais tempo, melhor condição financeira e mais maturidade, um casal esperto poderá ver renascer com intensidade a paixão e o prazer de estar junto e a alegria de um casamento longo e produtivo.

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